29 janeiro, 2014

Fashion in the plate

"Cookery has become a noble art, a noble science"  
(Robert Burton, escritor)

Com a cozinha a afastar-se cada vez mais da sua mera função de fornecedora de nutrientes e a tornar-se num material creativo, cada vez mais artístico será possivel falar em arte na cozinha? E será possível combiná-la com a moda na execução de um prato?

O livro Cooking Couture nasce exactamente dessa combinação. 
O Chef Matias Perdomo (restaurante Al Pont de Ferr em Milão) tenta captar a essência de 11 designers de moda - Ennio Capasa, Angela Missoni, Agatha Ruiz de la Prada, Dean and Dan Caten, Prada, Giorgio Armani, Anna Molinari, Donatella Versace, Marni, Dolce and Gabbana - e entrar no mundo da moda através da criação de pratos adaptados a cada marca, dialogando com o estilo e a elegância.

Matias's dish for Blumarine

Matias's dish for Marni

Este é um livro com imagens lindas que dão a conhecer a moda ou a estética na cozinha numa combinação de sabores, cores e tecidos.


Cooking Couture (Marsilio and Amazonbuyvip)
by Gisella Borioli, Giovanni Gastel, Matias Perdomo

23 janeiro, 2014

Num antigo estábulo no Minho

"De um estábulo do séc.XVIII e da sã loucura de um casal nasce o Ferrugem, um restaurante que tem como ingredientes a hospitalidade e as raízes populares da cozinha portuguesa, condimentados com criatividade e inovação." (Ementa Ferrugem)

Tomei conhecimento do Ferrugem depois de Dalila e Renato Cunha terem apresentado o Pastel (de bacalhau) com nata no Peixe em Lisboa e o interesse na visita ao restaurante surgiu numa visita ao Mercado do Bom Sucesso no Porto onde o Ferrugem marca presença com alguns dos seus produtos como o famoso pastel (de bacalhau) com nata e a manteiga de azeite, ambos produtos registados.
O restaurante, localizado num antigo estábulo, é um espaço pequeno e acolhedor, com uma lareira acesa ao fundo da sala, sempre agradável nestes dias frios.
Da ementa apenas constam menus: o da estação, degustação em 4 momentos, degustação em 6 momentos e júnior.
Optou-se pelo Menu da Estação que possibilitava a escolha em 3 Momentos, com quatro opções para cada momento.
Foi servido como "Preludio", pão caseiro e a manteiga de azeite, já provada no Porto. Este é um produto muito interessante que vem numa bisnaga imitando as antigas pastas de dentes portuguesas Couto.
Nas entradas experimentou-se o "caviar português (ovas de sardinha, caviares de vinagre, tomate, broa de milho, ervas finas e espuma de azeite)" e "entre o panadinho e o molho verde, venha o polvo e escolha!". A primeira, leve com aromas frescos e um empretamento muito apelativo, feito numa lata de conserva e decorado com coloridas flores comestíveis e a segunda um lolipop de polvo com maionese de ervas aromáticas, saboroso, notando-se os troços de polvo mas com o sabor da fritura um pouco carregado.
Em seguida foi servida a "Saudação dos Chefes" "o caldo verde e a broa de milho tostada com azeite" que consistiu num creme verde acompanhado de uma tosta de broa de milho, um prato reconfortante.
No segundo momento optou-se pelas "lascas de bacalhau com azeite transmontano e coral de negrinha de freixo, legumes salteados e crocante de grão de bico com chouriço" e pela "costela mendinha e a falsa batata a murro num prado de grelos e outros legumes", ambos muito bem confeccionados e saborosos.
Quanto a sobremesas as escolhas recairam sobre o clássico "pêra rocha do oeste em geleia de vinho do porto sobre tarte de queijo fresco" e uma interpretação da doçaria tradicional do baixo minho num "tributo ao abade de priscos", a qual se revelou de uma doçura extrema como ditam as regras de doçaria tradicional.


A experiência gastronómica foi muito agradável e apesar da sua localização, numa aldeia do Minho afastado dos grandes centros populacionais, este é um restaurante que vale a pena visitar. O ambiente é descontraído e nota-se o interesse pelos produtos da região respeitando a sazonalidade. Destaque ainda para a simpática visita que Renato Cunha faz a cada mesa, cumprimentando os seus clientes.

Ferrugem
Rua das pedrinhas, 32, 4770-379 Portela Vila Nova de Famalicão
tel. 252 911 700
(A forma mais fácil de aqui chegar são mesmo as indicações promenorizadas que são fornecidas no site.) 

20 janeiro, 2014

Tapas 24

Foi no Tapas 24 que tive a oportunidade de provar os cogumelos tão apreciados em terras espanholas, os Rovellons. Este cogumelo é também encontrado em serras em Portugal no Outono, mas é em Espanha que se encontram com bastante frequência, crus em mercados ou confeccionados em bares de tapas ou restaurantes.
Depois de encontrar uma grande quantidade à venda no famoso mercado de Barcelona La Boqueria, pude prová-los numa tapa cobertos por um molho de escabeche no conhecido bar de tapas do Chef Carles Abellan, chef responsável por vários restaurantes na cidade, entre eles o Comerç 24 com 1 estrela Michelin e o Bravo 24, localizado no emblemático Hotel W pertencente à cadeia Starwood.
Para além desta tapa, são apresentadas numa ardósia mais algumas sugestões do dia, entre salgados e doces. Todas as restantes opções são apresentadas numa embalagem de papel para os talheres, que tal como as sugestões do dia são difíceis de compreender na totalidade pois apenas estão escritas em Catalão, o que leva a um jogo divertido com a expectativa gerada por algumas das tapas pedidas até que cheguem à mesa.
Provei ainda o clássico Bikini 24, uma tosta muito de fina cortada em pequenos triangulos com recheio de queijo e fiambre com trufa negra e para acompanhar, uma cerveja Moritz, de Barcelona.
O espaço não sendo desagradável é pequeno, ainda mais para a grande afluência que se regista e durante todo o tempo em que lá estive persistiu uma fila de clientes que esperavam lugar. Também por isso o serviço é rápido (talvez rápido de mais até), e os empregados dão pouco espaço para perguntas sobre os pratos.
Com uma localização priveligiada e produtos de excelência vale a pena experimentar apesar dos preços, demasiado elevados.

Calle Deputación 269 - Barcelona
Horário: 2a a Sábado das 9h às 24h

19 janeiro, 2014

Sol e tapas em Salamanca

Foi um dia de sol entre um inicio de ano chuvoso que motivou uma visita a Salamanca, um municipio da comunidade autónoma de Castela e Leão cujo centro histórico é Património da Humanidade desde 1988.
A Casa de Comidas Montero foi o espaço escolhido para um almoço tardio como ditam os costumes espanhois. Este é um estabelecimento que agrega no mesmo espaço restaurante, no piso superior, e bar de tapas no piso inferior. A Carta de tapas está dividida em tapas quentes (13 opções), tapas frias (6 opções) e tapas doces (5 opções) e existe ainda a tapa do dia escrita num quadro de ardósia numa das paredes.
Para iniciar a refeição optou-se pela tapa fria de jamón ibérico de bellota servido sobre uma torrada com molho de tomate, não fosse este um dos produtos mais afamados da região (e com razão). Em seguida a escolha recaiu sobre as tapas quentes: "Morcilla de arroz, compota de manzana al cardamomo y foie fresco", Caldero de arroz guisado con rabo de toro estofado al vino tinto", "Chipirones en un estofado de salsa de sus tintas y fideos de arroz fritos" e a tapa do dia "Bacalao al pil-pil".
Tudo foi acompanhado por um copo de vinho da Ribera del Duero que se conjugou na perfeição com a refeição. 
Todas as tapas estavam muito bem elaboradas conjugando sabores tradicionais com um toque de inovação. O espaço é acolhedor e o serviço simpático e agradável, convidando a uma refeição prolongada, beneficiando da calma de um dia de semana de Inverno. Uma excelente relação qualidade/preço numa casa em que o único ponto negativo a assinalar é mesmo o pão, um produto espanhol que não consigo apreciar.
Salamanca tem ainda muitos outros estabelecimentos de restauração que seguem as mesmas linhas da Casa de Comidas Montero e que certamente merecem ser descobertos, constituindo um bom motivo para voltar.
Hasta luego Salamanca!

Casa de Comidas Montero
Plaza de Corrillo, 12 - Salamanca